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Limites, sim ou não?

Publicado em: 09 abr 2021 Evoluindo SOE

Antigamente, ninguém sequer discutia o assunto.

 Com as mudanças ocorridas no século XX, tanto no campo das relações humanas como no da educação, as pessoas foram aprendendo a respeitar as crianças, entendendo que elas têm querer, sim (quem não lembra que, há pouco mais de três décadas, os pais diziam com toda segurança “criança não tem querer”?); hoje elas tem gostos, aptidões próprias e até indisposições passageiras exatamente como nós adultos. Muitas atitudes em relação a elas mudaram, e os adultos também acompanham essas mudanças. O relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade e menos autoritarismo. O poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática. E o entendimento cresceu … todos ficaram felizes…

  Será?  Será que todas as coisas aconteceram de forma tão harmoniosa com todos?

 Na verdade, não. Em muitos casos, surgiram problemas, porque ocorreu uma série de enganos e distorções em relação a essa nova forma de relacionamento familiar. E por quê? O maior problema que ocorreu e ainda vem ocorrendo é que muitos pais estão tendo sérias dificuldades para colocar em prática essa nova forma de educar que, de certa forma, é mais difícil.

   Como saber a hora de dizer sim e dizer não? Aliás, muitos pais se perguntam: há, de acordo com as várias teorias, realmente uma hora para se dizer não?  Negar alguma coisa para os filhos parece um crime, um verdadeiro pecado atualmente.  Muitos papais e mamães ficam embaraçados ao tentarem colocar em prática aquelas ideias tão lindas que tinham em mente ao iniciarem o longo e delicado caminho da formação das novas gerações: “comigo vai ser tudo diferente; não vou ser igual aos meus pais em nada…”, afirmam, convictos. Cheios de boas intensões, lá vão eles e de repente, as coisas deixam de ser tão simples e fáceis. Ao contrário. O dia a dia parece se tornar muito, mas muito complicado mesmo. “Ai, meu Deus!” “O que fazer?”  Então, “o que está acontecendo? “Onde foi que eu errei?” –  perguntam-se, desesperados, os pais. Ficam admirados ao perceberem que, de uma hora para outra, dizem “no meu tempo não era assim”.  E essa frase odiável que ouviram tantas vezes e, agora, quem diria …eles próprios a estão dizendo, e o que é pior, resolveram “virar a mesa”, estão castigando os filhos, berrando, irritados, perdidos…

Parece o fim do mundo?  Parece. Mas felizmente não é.

 Já dizia Aristóteles, “A justiça está no meio-termo”. Precisamos entender como ser um pai moderno, sem perder a autoridade, sem deixar que os filhos cresçam sem limites e sem capacidade de compreender e enxergar o outro –  habilidades básicas e essenciais para quem deseja criar cidadãos, seres humanos capazes de praticar o humanismo com a mesma naturalidade com que respiram!

  Para possibilitar o surgimento desse ser humano maravilhoso, é necessário que os pais tenham a certeza de uma coisa: dar limites é importante. Não pode haver dúvidas quanto a isso. Antes de começar, é preciso pensar e decidir.

  É fundamental acreditar que dar limites aos filhos é iniciar o processo de compreensão e de apreensão do outro. Ninguém pode respeitar seus semelhantes sem aprender quais são os seus limites, e isso inclui compreender que nem sempre se pode fazer tudo que se deseja na vida. É necessário que “as crianças e os adolescentes” interiorizem a ideia de que poderão fazer muitas, milhares; enfim, a maioria das coisas que desejam, mas nem tudo e nem sempre. Essa diferença pode parecer sutil, mas é fundamental. Entre satisfazer o próprio desejo e pensar no direito do outro, muitos tendem a preferir satisfazer o próprio desejo, ainda que, por vezes, esse desejo prejudique alguém. Por que, afinal, nem sempre o que se deseja é útil e correto socialmente? Se essas crianças e esses adolescentes quiserem:

– Pode morder e arrancar os cabelos do amiguinho só porque ele pegou o seu brinquedo favorito?  Não, é claro.

– Pode entupir o vaso sanitário da escola com papel higiênico? Não, não pode.

– Pode pegar aquela bolsa linda que a amiga comprou e levar para você? Também não pode.

– Pode fingir que não percebeu que a conta do restaurante veio totalizada a menos e não falar nada? Não, não e não.

– Pode jogar álcool no mendigo e atear fogo, só de brincadeirinha?  Não, não pode.

  Mas só vai responder “não, não pode” quem desde pequenino tiver aprendido que muitas coisas podem e muitas outras não podem e não devem ser feitas, mesmo que deem muita vontade ou prazer. E tudo bem. Somos felizes assim, respeitando e tendo algumas regras básicas na vida. Especialmente, se aprendemos a amar o outro e não apenas a nós próprios.

  E, nós, pais, queremos muito ver nossos filhos crescendo no rumo da felicidade, não queremos? Então, temos de ajudá-los nisso. Porque ninguém, ao vir ao mundo, sabe o que é certo e o que é errado. O ser humano, ao nascer, não tem ainda uma ética definida. E somos nós, especialmente nós, os pais, que temos essa tarefa fundamental e espetacular de passar para as novas gerações esses conceitos tão importantes e que conferem ao homem sua humanidade. É importante ensiná-los a tolerar pequenas frustrações no presente para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade.

 Então,  se estamos de acordo, mãos à obra! Vai valer a pena!

Texto de Tânia Zagury, filósofa, adaptado pelo SOE.

EVOLUINDO é uma comunicação mensal, enviada pelo SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL – SOE, que visa levar aos pais e/ ou responsáveis textos atuais acerca do desenvolvimento da criança e do adolescente.


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