“Ser mãe é coisa que mudou bastante através dos tempos.
Na França, por exemplo, houve um tempo em que as fidalgas consideravam a maternidade uma das mais desagradáveis incumbências. Parece estranho falarmos de assunto tão sério como esse?
Mas é que antes de ser mulher , profissional ou dona de casa, você é mãe, não é? Ou quem sabe vai ser um dia.
Ser mãe é muito mais do que dar à luz uma criança. Uma verdadeira mulher, uma verdadeira mãe, sabe que seus deveres vão muito além de enfeitar, agasalhar e alimentar seu filho. Você tem a difícil tarefa de civilizá-lo.
Não seja responsável pelas futuras falhas de seu filho, deixando-o crescer longe de seus olhos e de seus carinhos.
Esclarecida é a mulher que é de fato mãe e educadora e não uma boneca mimada a criar outros bonequinhos mimados.
Cada filho é um universo e cabe aos pais descobrir, conquistar e fazer frutificar esse novo ser.
Sim, sim. Toda mãe e todo pai devem conhecer muito bem a criança que trouxeram ao mundo – e isso só se consegue chegando-se a ela, ouvindo suas primeiras queixas, seus primeiros desejos.
Um filho bem compreendido no lar tem as melhores armas para vencer na vida, quando tiver que enfrentá-la.
Não desanime jamais. As mães podem ser excelentes amigas se tiverem com os filhos a tolerância e a paciência que têm para o trabalho.
Lembre-se: toda criança precisa brincar.
Em vez de “se encher de paciência”, você vai se encher de amor quando se lembrar de que, para o seu filho, você é símbolo de conforto e proteção.
Mas é claro que pais e filhos se cansam mutuamente. Vigiar e ser vigiado fatiga um pouco os nervos.
O importante é não esquecer que você está moldando um ser humano, dando-lhe bons ou maus exemplos. Como pode uma mãe tentar corrigir um filho que grita se ela também grita por qualquer motivo?
Desde pequenos, os filhos devem ir aprendendo a se portar bem em sociedade. Sim, minha amiga… Quando se tornarem adultos será tarde demais.
Sua criança é um ser em formação, está sempre mudando.
Sim, filhos crescem rápido. Mas não creia que quando chegarem à puberdade a sua tarefa terminou. Nesse período de turbulência e hipersensibilidade, de vaidade e egoísmo, é que eles mais precisam de compreensão.
Os jovens não sabem muito bem o que são, nem o que querem ser. E, ainda por cima, desconfiam da vontade de mandar dos adultos. O melhor jeito não é insistir, e sim dar a eles uma discreta mistura de apoio e liberdade.
Com inteligência e o instinto materno que todas nós temos, você lhe mostrará o que está certo ou errado, mas de maneira sutil.
Ela vai errar, provavelmente vai, afinal, nós também erramos. Mas errar é o começo de acertar também.
Você já deve ter notado que os pais que cedem a todos os caprichos infantis passam a ser considerados pela criança um joguete.
Cabe a vocês prepararem jovens capazes, conscientes e úteis.
Antes de tudo, seja amiga de seu filho. Não amiga para dar guloseimas, coisas bonitas, beijos apressados e mesadas generosas.
Generosidade, aliás, é outra coisa. Você já pensou que um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece rosas?
Eu nunca prestei um favor sem sentir que nas minhas mãos ficou a lembrança do gesto de dar. Nunca dei amor de verdade sem sentir que também recebi amor. É essa a melhor forma de se sentir recompensada por todos os trabalhos. A melhor maneira de ser mãe, a melhor maneira de ser feliz.
Minha amiga, você com certeza já sabe e sente: a ternura é uma fonte inesgotável de bem! Sem ela, o mundo sofre com impertinência, excesso de autoridade, com maneiras rudes de pais e filhos… Mas a ternura… Ah, ela é justamente o contrário disso!
Ela é o extraordinário que podemos encontrar nas coisas mais comuns, é a hóspede agradável de um lar, é ela que alimenta um amor que nunca cansa nem acaba. Guarde esse pensamento, seja você mãe ou não: o que não se consegue com ternura não se consegue por nenhum outro caminho. A ternura é a grande conquistadora, aquela que tudo consegue e tudo vence!”
( Clarice Lispector )
Esta é uma singela homenagem às mães, seres especiais, em constante evolução, de todos os que fazem o colégio.