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REFLEXÃO ACERCA DO TEMPO PARA OS FILHOS

Publicado em: 02 maio 2016 Evoluindo SOE

Número 12, Ano 2 SOE – Serviço de Orientação Educacional                     Abril / 2016

 

“Não tenho tempo”. Sem dúvida esta se tornou a frase mais pronunciada e ouvida em nossos dias. É comum ouvirmos: não tenho tempo para este ou aquele projeto, para aquela viagem, para isso ou para aquilo, mas de todas elas a mais preocupante para a sociedade humana está registrada em nosso subconsciente: “não tenho tempo para meu filho”.

Vivenciamos um momento ímpar na história da humanidade, onde a cada dia se exige mais trabalho, cada vez mais apenas um dos cônjuges assume a responsabilidade de pai/mãe em trabalhar e educar os filhos, ou ainda o desejo de autorrealização acaba colocando-os em segundo plano.

Trazemos nossos filhos ao mundo e o primeiro fator com que nos preocupamos é a creche ou berçário onde ficarão.

Por necessidade ou não, acabamos criando o famoso “tempo de qualidade”. Pais ocupados talvez passem 15 minutos com filhos ou, talvez, algumas horas no final de semana, certos de que estão conseguindo suprir tudo do que a criança necessita. O “tempo de qualidade” visa a nada mais do que aliviar a consciência dos pais. É preciso aprender a comprar o tempo, pois quando se trata de educação de filhos não há atalhos, ou seja, aquilo que semearmos na infância ceifaremos na adolescência e na vida adulta. “Podemos dizer que cada homem aprende a ser um homem. É-lhe preciso ainda entrar em relação com os fenômenos do mundo circundante, através de outros homens, isto é, num processo de comunicação com eles”.(Leontiev, 1978, p.267).

Desta forma os primeiros responsáveis pelo desenvolvimento das relações sociais são os pais; pai e mãe. O cérebro do bebê é como uma esponja que absorve o que o cerca, aguarda informações procedentes do meio exterior para se desenvolver, principalmente durante os anos de formação, processo esse que se inicia por ocasião do nascimento, primeiro com a mãe e em seguida com o pai. Caso essa ligação seja perdida muito cedo, possivelmente, a criança terá sua habilidade de desenvolver relacionamentos pessoais prejudicada.

Dentro do processo natural de desenvolvimento a criança tem desejo de explorar e aprender sobre tudo a que está exposta. Por isso, é natural inundar a todos com uma enxurrada de perguntas, as quais devem ser satisfeitas com respostas de qualidade e exemplos. Embora possa ser justificada a notória falta de tempo em nossa cultura, é bom reforçar a necessidade de ser modelo para os filhos, dedicar tempo de qualidade e em quantidade.

O comunicador infantil, Robert Keeshan, chamou a atenção para as consequências da falta de tempo, por fazer a seguinte ilustração: “Uma menininha, com o dedão na boca, boneca nos braços,  aguarda com certa impaciência a chegada de um dos pais. Ela quer contar alguma pequena experiência que teve no caixote de areia. Sente-se empolgada para partilhar a emoção que teve naquele dia. Dá a hora, o pai chega”.

Arrasado pelo estresse do local de trabalho, o pai muitas vezes diz à menininha: “Agora não, querida, estou ocupado, vá ver televisão”. Essas são as palavras mais faladas em muitas famílias: “estou ocupado, vá ver televisão”. Se agora não, quando? “Mais tarde”. Mas esse “mais tarde” raramente acontece…

Passam-se os anos e a menininha cresce. Damos-lhe brinquedos e roupas. Damos-lhe roupas de marca e um celular, mas não lhe damos aquilo que ela mais quer, nosso tempo. Ela agora tem catorze anos, seus olhos estão vidrados, ela está envolvida em alguma coisa. “Querida, o que está acontecendo? Fale comigo…” Tarde demais. O amor já passou por nós e se foi…

Robert conclui: “Quando dizemos a um filho: ‘Agora não, mais tarde’; quando dizemos: ‘Vá ver TV’; quando dizemos: ‘Não faça tantas perguntas’; quando deixamos de dar aos nossos jovens algo único que eles requerem de nós, nosso tempo; quando deixamos de dar atenção a um filho; não é que não nos importamos, simplesmente estamos ocupados demais para atendê-lo”.

Ainda que algumas aptidões sejam aperfeiçoadas com os amigos ao longo da infância, os pais são os grandes responsáveis por ensinar seus filhos a reconhecer, controlar, canalizar seus sentimentos, ter empatia e lidar com sentimentos que o acompanharão por toda a vida.

A falta de tempo não traz consequências somente para a criança/adolescente, mas também para os pais que não desfrutam a companhia destes à medida que crescem. A criança que não encontra amor e apoio quando mais precisa tende a ir buscá-lo, na adolescência, em outros jovens para substituir a carência. Encontro desastroso, pois serão verdadeiros guias cegos. Nesse momento, palavras, conselhos, explicações, nada mais será significativo. Falar de amor somente na adolescência soa falso, não há cumplicidade e confiança na relação.

Tempo em quantidade e em qualidade deixa marcas profundas, molda padrões, estabelece regras, dá autonomia, inspira confiança, forma amigos. Portanto, seja justo com você e com seu filho, deixe que ele assimile de sua conduta, não dê esse privilégio a outros. “Ensine bondade demonstrando bondade, boas maneiras, praticando-as, meiguice, sendo meigo; honestidade e veracidade, exemplificando-as”.

 

Rosemeire Alves Lourenço

 

 

EVOLUINDO é uma comunicação mensal, enviada pelo SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL – SOE, que visa levar aos pais e/ ou responsáveis textos atuais acerca do desenvolvimento da criança e do adolescente.

 


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