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Vulnerabilidade não é sinônimo de passividade

Publicado em: 04 jan 2017 Evoluindo SOE

Proponho refletir sobre a vulnerabilidade do ser humano ressaltando uma importante diferença: quem é frágil, dependente de uma pessoa ou situação ou submisso a alguém é vulnerável, mas não passivo. Crianças pequenas têm vulnerabilidades, mas são ativas, competentes, aprendem, brincam e reagem – fazendo escolhas – aos estímulos do mundo. Alunos são sensíveis ao modo como os adultos da escola se relacionam com eles, à forma que ensinam e administram os recursos necessários às suas aprendizagens e ao seu desenvolvimento, mas não são passivos a isso. Aprender, gostar das aulas e admirar o professor, fazer o que é proposto… ou então deixar de aprender, ficar doente, ter conduta antissocial e rebelar-se são, nesse sentido, expressões de vulnerabilidade, mas não implicam passividade frente à rotina.

Crianças são vulneráveis aos adultos, sobretudo os responsáveis por seus cuidados e Educação. São sensíveis às suas palavras e comportamentos. Se lhes tratam com paciência e compreensão, dão amor, segurança, alegria e proteção, elas se sentem confiantes e interessadas, e isso se torna uma referência para o seu próprio modo de ser. Mas cuidado! Considerar a vulnerabilidade dos pequenos não significa superproteger nem substituir desafios, responsabilidades ou tarefas da vida ao longo de seu percurso. Crescer, aprender, desenvolver-se, ter experiências e passar por dificuldades são passos importantes. Reconhecer o indivíduo como vulnerável, então, não é justificativa para impedir, facilitar ou evitar ocorrências. Sempre haverá limitações ou deficiências para serem superadas por qualquer um de nós.

Assim como somos vulneráveis ao amor e ao cuidado, também somos à maldade e à indiferença, e as consequências disso são negativas. Adultos agressivos, violentos, abusivos, displicentes, irregulares ou ambivalentes em seu jeito de tratar crianças e jovens também têm influência sobre eles. Transmitem-lhes um modelo de agir. Se batem, são irônicos e dizem palavras feias a respeito de crianças e jovens, esses tendem a acreditar nessas mensagens e a se desvalorizar. São vulneráveis e frágeis a um meio ambiente tóxico, que não oferece segurança ou conforto nem cuidados de saúde, Educação ou vida comunitária.

Há também uma vulnerabilidade “neutra”, sem consequências positivas nem negativas, que precisa ser tolerada ou aceita por ser uma marca de nossa condição, uma característica do ser vivo. Trata-se de lembrar que nascemos, ficamos doentes, envelhecemos e morremos. Que a cada dia temos de nos alimentar, cuidar da higiene, descansar. Que somos ignorantes mesmo em um mundo repleto de recursos e informações. Que dependemos uns dos outros. Vulnerabilidade aqui supõe o exercício da compaixão, do respeito mútuo, da colaboração e da empatia para com todos e para consigo mesmo.

Espero que essa reflexão possa estimular observações, práticas e discussões sobre o tema, tão importante e complexo. Quais formas de vulnerabilidade se expressam? Como diferenciar amor e cuidado de superproteção e negação das vicissitudes do ser e do aprender? Como diferenciar autoridade e responsabilidade adultas de formas agressivas ou indiferentes de estabelecer limites? Como ver, na fragilidade de nossa condição humana, as infinitas e criativas possibilidades de ser e interagir com os outros e as coisas?

 

(Lino de Macedo. Disponível em: http://novaescolaclube.org.br/revistas/nova-escola/289/contraponto/vulnerabilidade-nao-e-sinonimo-depassividade. Acesso em: 25/02/2016.)


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